sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Hoje não é o meu dia


Já não é a primeira vez que me sinto assim. E isto é extremamente preocupante!
Acreditam, os meus amigos, que hoje estou num daqueles dias em que me apetece viver em regime de ditadura? Pois, meus caros, é mesmo verdade!
Não, não me vejam com nenhuma farda, de um qualquer Pinochet, a mandar “arrumar” uns quantos que entendem poder contestar o meu douto saber!!! Não. nada disso, na minha ditadura eu tenho sempre razão! E o Povo, este povo que eu tanto respeito, este povo temente a Deus, este Povo pelo qual eu sacrifico tudo menos os sagrados direitos da Família, compreende-me!
Este meu Povo respeita-me, porque sabe do meu profundo empenhamento na salvaguarda do seu sagrado direito à ordem nas ruas, à segurança dos seus lares, à inviolabilidade do seu património e da sua identidade cultural, porque sabe ... ... ...
Diz o ditado que “de sábio e louco todos temos um pouco” e eu diria mesmo que de ditadores ainda temos mais!!!
É que, de facto, eu já me tinha deixado possuir por esse meu componente sempre presente no que de humano há em mim!!!
Vinha esta minha obsessão ditatorial na sequência de uma sucessão de dados que me foram chegando ao longo da manhã e que fizeram com que mais uma vez me deixasse possuir pelo secreto desejo de que esta nossa democracia não passasse de um terrível pesadelo e nós vivêssemos mesmo sob o jugo de um qualquer Ditador.
É que um Ditador depõe-se com alguma coragem e mais ou menos sangue e a uma sociedade como esta, já não sei que se lhe faça!

8 comentários:

Pedro F. Ferreira disse...

É preciso é ter calma...

armando s. sousa disse...

Pindérico, a sua revolta têm a ver com as notícias que sairam no pasquim semanal?
Se foi, é preciso ter calma,não dar muita importância a este pasquim.

Afonso Henriques disse...

Ao ler o seu post, caro comandante, veio-me à memória a pose de Jerónimo de Sousa, de barco, olhando o Forte de Peniche ao longe e relembrando os tantos e tantos resistentes,uns comunistas, outros nem tanto, que sofreram anos e anos de degredo, de tortura e solidão nas masmorras frias e húmidas que lhes serviram, a muitos, de sepultura. E sabe, amigo comandante, o que me incomodou mais, o que me causou arrepios, o que quase me gelou o sangue que me corre nas veias? Não sabe?
Pois eu digo-lhe. Foi o saudosismo da sua expressão.
A nostalgia que o rosto granítico de Jerónimo de Sousa reflectia eriçou-me as entranhas.
Os tempos são outros, caro cimandante.Temos que acompanhá-los. Senão...arriscamo-nos a ficar para trás.Para sempre.

pindérico disse...

Na minha expressão,caro Fundador, não viu saudosismo,não! Na minha expressão viu, se esteve atento, repulsa!
Repulsa porque não há democracia que resista a tanto jogo sujo, tanta desonestidade, tanta falta de escrúpulos!
Viu repulsa porque não posso aceitar que se brinque com os destinos de um País apenas porque os nossos interesses mais mesquinhos possam ser, de alguma forma, beliscados!
Viu repulsa porque não aceito que a troco de um punhado de notas,ou de um qualquer lugar numa qualquer repartição ou ministério, sejamos capazes de esconder a cara,aviltar a alma, apunhalar princípios!
Este País, caro Fundador, precisa de princípios1 Este País,amigo Fundador, precisa de quem seja capaz de lutar contra os exércitos da mãe se a sua dignidade estiver em causa.
Este país, caro Afonso Henriques, precisa que o tratemos bem e não que o adulteremos. Porque este País,como bem recorda, tem quase nove séculos de história e com tanta gente e tão poucos homens,morrerá por certo, antes do milénio!

Afonso Henriques disse...

Referia-me, obviamente, à expressão de Jerónimo de Sousa a bordo de um barco ao largo de Peniche....

pindérico disse...

E eu, caro Fundador, referi-me a princípios!

pindérico disse...

E eu, caro Fundador, referi-me a princípios!

uivomania disse...

Existe um conceito de democracia! Para que ela vigore é necessária massa crítica que a torne uma realidade e isso efectivamente não existe (não esqueçamos o analfabetismo presente, a falta de saúde, de educação e de formação). Na verdade, vivemos sob o jugo de uma ditadura, mas desta feita, uma ditadura sofisticada, básicamente do consumo, levada à práctica por agentes, que desde há muito aprenderam a explorar, os sentimentos e instintos mais baixos da natureza humana ( a vaidade, a inveja, a ganância etc...). É claro, que não vão ser os ditadores que do alto dos seus cadeirões de ouro, vão chamar a plebe para a sua mesa! Cabe à plebe, tomar uma atitude nova, elevar-se e por em prática muito do que diz e pensa. A solidariedade, serve para baptizar ministérios ou aparece tímida em catástrofes como o recente tsunami... mas, qué dela, no dia a dia? Que resta do "conversar" para além das conversas de circunstância sobre o ponta de lança que fica melhor a defesa, ou sobre a suspeita que recai sobre uma qualquer figura pública? A verdade, é que a plebe, vilipendiada, explorada, por novos ditadores sem rosto, sem pátria e sem pejo, anda toda atrás da cenoura e para a conseguir é capaz de atropelar e pisar o mais fraco, enquanto respeita e lambe as botas a quem teme. Cadê o respeito pelo vizinho humilde, o interesse e a vontade em participar na resolução do pequeno grande drama do Srº Lopes ou da D. Aurora? Quando prescindirmos de uma boa fatia do nosso egoísmo, do nosso individualismo e da nossa presunção, acredito que, muito político corrupto e de vistas curtas, muito especulador sem escrúplos, muito comerciante de armas de guerra ou carne humana... irão ficar, a falar sózinhos e caem de podres, naturalmente. Até lá, a banda passa e o rei (qualquer rei), vai nú!