Não é aceitável que a ostentação de símbolos religiosos, por parte de alguns, possa beliscar a liberdade religiosa de outros.
Essa é a argumentação que esteve na origem da grande polémica que perturbou a França e a Alemanha em 2003/2004 e ameaçou alastrar tomando proporções preocupantes. O “lenço islâmico” incendiou os ânimos e é bem o exemplo de uma acção mal conduzida!
Por cá tudo correu bem. É-nos reconhecido um apreciável grau de tolerância e compreensão e, pelo menos enquanto a sua dimensão não incomoda alguns radicalismos latentes, vamos respeitando, com alguma naturalidade, a liberdade religiosa de cada um.
Recentemente, na sequência de uma exposição da Associação República e Laicidade, o Ministério da Educação ter-se-á decidido pela retirada de crucifixos de todas as escolas e, não fora o facto de tal decisão quase ter caído em saco roto, tudo teria ocorrido na mais pacata das calmas. Seria uma consequência natural do nosso estatuto de Estado laico.
Aconteceu porém que a decisão parece ter sido ignorada por toda a gente, incluindo quem tinha por missão fazê-la executar, e só agora chega aos ouvidos do cidadão comum.
E chega-nos também a preocupação de quem deveria (ou poderia) ter sido ouvido em assuntos desta natureza.
Que se oiçam pois. Porque bom será que sejam ouvidos ... e se revelem sensatos!
Tivemos muito tempo para pensar e agir sem gerar tensões, por isso ninguém compreenderá que adiemos até que um qualquer conflito social transforme uma questão de forma, num problema de fundo!