domingo, fevereiro 27, 2005

transpirar honestidade


Embora muito boa gente continue a digerir mal a derrota, o que é rigorosamente certo é que 45,05% dos portugueses com direito a voto optaram por votar PS, enquanto que apenas 28,69% votaram na segunda força política. E o mesmo sistema eleitoral que justificou anteriores maiorias, fundamenta agora esta! Estamos pagos.

E não digo isto com nenhum triunfalismo ou arrogância pateta, até por que continuo profundamente convencido de que uma parte significativa dos votos foi manifestamente anti-PSL, e nada mais do que isso.
Mas, da mesma forma que reconheço esse facto, também entendo dever salientar que Sócrates pediu claramente a maioria absoluta, e o povo percebeu bem que lha ia dar.
Ninguém foi iludido, ninguém esperava outra coisa.

Agora, enquanto pacientemente esperamos, José Sócrates andará, por certo, muito atarefado a negociar aquilo a que eu chamaria os “binómios pessoa–estratégia” para atingir os objectivos que, embora muito pela rama, nos anunciou em campanha eleitoral.
O argumento “maioria absoluta” estará por certo a facilitar-lhe a vida, mas será bom que as opções não sejam condicionadas por pressões alheias aos reais interesses dos portugueses.
Com tantas notícias, que nos chegam a toda a hora, das inúmeras nomeações santanistas dos últimos tempos, e recordados como estamos de semelhantes formas “de servir” do reinado de Guterres, os Portugueses estão pouco optimistas... mas ainda “pagam para ver”.

Eu arriscaria dizer que mais do que o anúncio imediato das reformas que não podem tardar, José Sócrates ganharia rapidamente o voto que uns quantos apenas lhe emprestaram, se conseguisse apresentar aos Portugueses uma imagem de grande transparência com um elenco que “transpirasse honestidade por todos os poros”.

Honestidade e Transparência!!! E parece tão simples...

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Eu só queria entender!


«1 – Sempre que se torne necessário, até final do presente ano, autorizo o pessoal do meu Gabinete a deslocar-se em serviço oficial dentro do País, bem como as despesas inerentes.
2 – Autorizo também o pessoal administrativo, auxiliar e motoristas do meu Gabinete a prestar horas extraordinárias e de descanso semanal, sempre que tal se torne necessário.
3 – O presente despacho produz efeitos a partir de 1 de Janeiro de 2005.»

O texto acima, que fui roubar ao Pula Pulga, é o despacho de um senhor ministro deste país e quer dizer, na minha curta maneira de ver, que o dito senhor entendeu que qualquer elemento do seu gabinete poderia receber mais uns trocados em horas extraordinárias, ajudas de custo, etc, sempre que tal se tornasse necessário!

Estaremos de facto a falar de uns trocados, admito, mas esta naturalidade com que se usa o dinheiro dos outros é um mau sintoma!

Provavelmente isto sempre assim foi e assim continuará, não é?
Pois; eu sei que estou a ser “ingénuo”!

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Daqui a quatro meses


"Espero que daqui a quatro meses estejamos todos tão unidos como agora".

Com esta frase, proferida ontem perante a Comissão Política do PS, José Sócrates deixou talvez a mais clara mensagem que se lhe conhece nos últimos meses.

Nos próximos tempos, mais uma vez, vai ser óptimo ser oposição em Portugal. Os ventos estarão, de novo, favoráveis a quem queira esconder a cabeça na areia e tudo fazer para recuperar apoios.
Será de novo o tempo de, com a mesma velha cegueira, os "novos" velhos senhores prepararem, com afinco, o seu regresso ao descrédito.
E nem lhes ocorre que depois, uma vez mais sem soluções, se queixarão de novo da falta de lucidez dos seus opositores, que capitalizarão os novos “velhos” descontentamentos... para sua, e nossa, nova desgraça.

O País está doente, e o rigor do tratamento não admite considerações de oportunidade eleitoral. No entanto estão aí tempos difíceis e actos eleitorais em demasia!


Que daqui a quatro meses estejam todos tão unidos como agora!!!


terça-feira, fevereiro 22, 2005

Pensando melhor...


Não será “politicamente correcto” dizê-lo, mas, honestamente, são sou nada a favor deste assumir de culpas, a quente, na noite do apuramento dos resultados!
Afinal, presume-se, estamos perante decisões da maior relevância para o nosso futuro colectivo, e enquanto tal , devem merecer uma profunda meditação.
Isto para dizer que não gostei nada daquele espectáculo de um dirigente partidário em grande dificuldade para transmitir, a uma assembleia em soluços, a sua decisão de abdicar.
Isto também para afirmar que não achei mal que o Dr. Santana Lopes tenha ponderado devidamente a sua decisão e só agora a tenha tornado pública. Ao fim e ao cabo, e pese embora o descalabro que evidencia, o seu resultado é o somatório das opiniões favoráveis que a sua acção terá suscitado, e uma força política responsável não pode ignorar isso!
Agora que a decisão, em qualquer dos casos, é acertada, não tenho dúvida alguma!

Mas não nos iludamos!
Paulo Portas não vai resistir por muito tempo aos apelos dos seus pares, que me não repugna tomar por sinceros!
Quanto a Santana Lopes, deixou hoje bem claro que estava, ”honradamente”, a pagar a factura toda, quando afinal só tinha chegado a tempo dos “digestivos”!

Daí que...Bom; vamos esperar.

De resto, José Sócrates prepara um governo que Mário Soares quer “de Salvação Nacional”, o que é uma designação chata; Marques Mendes perfila-se para a liderança e seduz Cavaco Silva; Pacheco Pereira apoia e Marcelo acha bem...
... mas Cavaco Silva não quer arriscar nova derrota e seguramente não se deixará enredar! 59% é muita coisa!


Isto... "penso eu de que"!

domingo, fevereiro 20, 2005

E agora, senhor primeiro- ministro? Esta sua vitória só foi, de facto, contra muita coisa de que não gostamos; mas não pode ignorar que, mesmo não tendo prometido nada, é responsável por uma vaga de esperança que está a varrer o País dos mais desfavorecidos!!!
Vai ter-nos "à perna"!

Lavando os cestos

E pronto. Por cá, está tudo dito! Um pouco mais, para os Açores, e acabou-se a festa!!!

Dentro de algumas horas, pela última vez, o vencedor aceitará falar às massas e, com alguma mas reduzida probabilidade, admite-se que responda a algumas perguntas dos jornalistas.


Depois, caro eleitor, é um descanso. Ninguém mais se vai lembrar de si!

19:15

A abstenção caiu significativamente?
Tanto melhor. Só quer dizer que o Povo está preocupado e quis cumprir o seu dever!
Que os vencedores, e os vencidos, cumpram também o seu !!!
Claro que vai haver quem diga que o adversário ganhou com isso...É o que temos!

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Declaração de voto



Eu, pecador, confesso que já há muito vinha cometendo o hediondo pecado da inveja!
Então não é que já toda a gente tinha recebido e-mails, cartas, missivas de todo o tipo, e a minha caixa de correio continuava vazia?! Cheguei mesmo a pensar dirigir-me à estação dos Correios cá do sítio e informar que já tinha retirado aquele autocolante da Deco e que, por isso, já podiam encher-me a caixa de correio com publicidade não endereçada! Que diabo, eu até não sou mau rapaz! Podiam muito bem pôr-me lá, na caixa, qualquer coisa que pudesse justificar o meu próximo post, aquí , no Só Palpites!

Não; pensara eu ontem. Se amanhã, que era hoje, não aparecer lá nada, vou roubar a uma daquelas caixas de correio que estão sempre a abarrotar, e vou escrever sobre isso.
Chega de segregação!

Mas não foi preciso! Hoje, finalmente, lá estava. Só que não era nada daquilo que eu esperava! Era do Sócrates!
Em diagonal, até à assinatura, como faço sempre para ver se vale a pena, e deparo com aquela frase que me põe os cabelos em pé!!!
Confio em si”?! Então não sou eu que vou ter que confiar em si, José Sócrates?!!!

Mas olhe, caro José Sócrates, confesso que não confio nada em si! É que não me deu um único motivo para isso; já reparou? Quando recordo ilustres líderes que o seu partido teve que nunca ganharam maiorias absolutas, e alguns deles nem relativas, apetece-me mesmo não lhe dar esse gozo.

Mas não, agora já é tarde! Agora, José Sócrates, vai ter que gramar com o meu voto e o de mais um mundo imenso de gente que, à falta de alternativa, decidiu confrontá-lo com as suas próprias limitações, e lhe vai exigir que seja homem.

Agora, Engenheiro José Sócrates, só lhe desejo o mais sublime dos prazeres, o gozo supremo da glória final. Agora, José Sócrates, você vai ter que me prestar contas, porque eu vou lutar pela sua vitória. Para que não possa fugir ás suas responsabilidades eu vou mover o céu e a terra para lhe dar a maioria absoluta!

E-- que pobre eu sou!—vou rezar para que você tenha sucesso!

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

Luto e vergonha


De hoje, guardo dois elementos profundamente perturbadores do “ledo e cego” engano de alma em que este período de campanha eleitoral nos vem enredando.

O primeiro é a dramática notícia do assassinato de um agente da PSP que, em serviço, é atingido por um número muito significativo de projécteis, fazendo pensar, a quem não dispõe de mais informação, na hipótese de uma vil cilada.
Esta tragédia repõe a questão das condições dadas às forças de segurança para poderem cumprir a sua missão e, em paralelo, alerta-nos para a urgência de serem reequacionadas as políticas de (re)alojamento de uma faixa muito significativa de população atraída pelo “eldorado” dos grandes centros urbanos. E aqui vem-me à memória o texto que encontrei há dias no “uivomania”, sobre este tema, e cuja leitura é extremamente oportuna.

O segundo, e não menos preocupante, é a vergonhosa manipulação levada a cabo por dirigentes sindicais de nível menor, que conduz a cenas como aquela triste deposição de armas numa vulgar caixa de cartão - embalagem de um qualquer detergente- perante câmaras de um canal de televisão que, por mera coincidência, ali passava na altura. São imagens que exportaremos, por certo, por bom preço!

Somos tão pobrezinhos!!!


P.S. E onde está a hierarquia da PSP? Ou melhor, qual é o lugar que "esta democracia" reserva para a hierarquia da PSP?

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

João Aristóteles


Eu sei que talvez tenha posto a fasquia excessivamente alta, mas , que diabo, estando o País neste estado e sendo tão elevada a probabilidade de ser o PS a ganhar as eleições, não é lógico que esperemos mesmo muito daquele que nos é apresentado como o melhor, desse partido, para tal função?
Sem nunca o ter achado brilhante, nem ter particular apreço pela entoação que põe no seu discurso, a imagem que guardava do eng. José Sócrates naqueles frente-a-frente televisivos com Santana Lopes, criara em mim a expectativa de que, se fosse capaz de se apresentar perante o eleitorado com ideias e convicções, o seu bom uso da palavra faria o resto.
Imaginei-o galvanizado para uma empolgante campanha eleitoral que lhe permitisse explorar o enorme descontentamento gerado pela desastrosa acção de PSL e apresentar um arrojado programa de reformas onde fosse perceptível o sacrifício a pedir e as contrapartidas expectáveis.
Mas não foi nada disso que aconteceu!
Sócrates decidiu seguir caminhos tortuosos. Deixou no prestamista as suas convicções, única receita possível para o sucesso da empresa a que decidiu pôr ombros, e foi aos saldos às Novas Fronteiras. E fez um figurão! Experimentou uma série de boas peças e nem reparou que não lhe vestiam bem. Depois foi um acumular de erros. Mandou encurtar um pouco as mangas daquele sobretudo a que queriam chamar choque e mudou-lhe o nome para plano. Subiu a baínha daquelas calças e mudou o botão do colarinho da camisa e depois achou que aquele “1 em 2” não se ajustava bem e deixou de usar. Com a cor daquela gravata foi outro bico de obra, e começou a defender que não precisava de a usar com casaco nenhum. As camisas que tinha guardadas para o efeito eram, na sua grande maioria o que precisava para seu governo! E foi um constante esconder, de tudo e de todos, não fosse alguém não gostar.
Agora aí está.
Prisioneiro das suas ambiguidades, já sem tempo nem jeito para mudar de estilo, José Sócrates arrasta-se penosamente para uma vitória que já lhe não diz nada, porque sabe que vai, com as ideias que lhe venderam nos saldos, ao encontro de uma glória que já percebeu efémera

terça-feira, fevereiro 15, 2005

E pronto!


E pronto, acabaram os debates!
Para quem ainda estava à espera daquele acréscimo de informação para decidir do sentido do seu voto, nada mais definitivo!
Está tudo feito!
Que diabo é que queremos mais?

Ficamos finalmente a saber que Francisco Louça e o BE querem influenciar a governação mas não pagar a factura correspondente.
Está agora assumido que Jerónimo de Sousa não perdeu a esperança, mas apenas a voz.
Definitivamente, no PS, José Sócrates preconiza um plano tecnológico de que ninguém contesta a bondade, mas até ele desconhece o prazo a que dará frutos.
Já não restam dúvidas de que Santana Lopes e o seu PSD querem continuar o trabalho que lhes não deixaram acabar! Patifes!
Ficou finalmente claro que o CDS-PP de Paulo Portas quer chegar aos 10%!
Para além disso, confirma-se que isto até aqui tem sido uma desgraça e que agora vai ser o que calhar!

De resto, que mais esperávamos nós? Debate sério? Algum aprofundamento de ideias?
E não seria pedir de mais?

O melhor do debate? Jerónimo de Sousa, pelo que se viu!
O pior? José Sócrates, pelos silêncios que manteve!
O prémio da melhor declaração final vai, sem margem para dúvidas, para Francisco Louçã.
Mais?
Não me obriguem a dizer que José Sócrates foi o único que não conseguiu atingir o seu eleitorado-alvo, porque é capaz de ser verdade!

E pronto! Já perdi tempo demais com esta ...

domingo, fevereiro 13, 2005

E até lá?



De hoje a uma semana, por esta hora, já terei ultrapassado esta fase menos boa do esclarecimento cívico e terei cumprido aquilo que dizem ser o meu dever de cidadão livre, numa sociedade democrática.
Depois de, uma vez mais, o rebelde que há em mim ter tentado, por todos os meios, fazer-me honrar o meu compromisso de nunca vender a alma, terei (estou seguro disso!)dado um murro na mesa, numa daquelas de ... “porra! Também tenho direito a uma incoerência de vez em quando!”..., e lá terei ido “depositar o meu voto” dobrado, como mandam as regras, na urna da escola, alí ao fundo da rua.
Porque já tantas vezes me apeteceu e sempre resisti, sei que mais uma vez não vou escrever nenhum palavrão no boletim, e sei que vou sair de lá a remoer porque afinal fui votar numa coisa e o boletim dizia outra!
Que, ao menos desta vez, me não apareça aquela santa vizinha que sempre lá vai e ainda não percebeu bem aquilo, e à saída, tenha a sorte de não ser apanhado por aquele profissional da pedinchice que sempre que me avista do outro lado da rua grita por mim e por um “eurozito” que irá gastar ainda não percebi bem em quê!
Mais uma vez, desta vez, irei votar pela última vez sem perceber bem em quê e, por esta hora, estarei ansioso à espera que encerrem as urnas e surjam as primeiras projecções que já não encararei como se o meu Benfica tivesse ganho ao Sporting ou tivesse sido vergonhosamente cilindrado por aqueles gajos do Pinto da Costa.
Ao menos desta vez, mais uma vez, não terei deixado que a minha opinião valesse menos do que a de tantos que eu sei que, orgulhosos das suas convicções, vão votar contra mim... e, provavelmente, contra eles mesmos, coitados!

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Hoje não é o meu dia


Já não é a primeira vez que me sinto assim. E isto é extremamente preocupante!
Acreditam, os meus amigos, que hoje estou num daqueles dias em que me apetece viver em regime de ditadura? Pois, meus caros, é mesmo verdade!
Não, não me vejam com nenhuma farda, de um qualquer Pinochet, a mandar “arrumar” uns quantos que entendem poder contestar o meu douto saber!!! Não. nada disso, na minha ditadura eu tenho sempre razão! E o Povo, este povo que eu tanto respeito, este povo temente a Deus, este Povo pelo qual eu sacrifico tudo menos os sagrados direitos da Família, compreende-me!
Este meu Povo respeita-me, porque sabe do meu profundo empenhamento na salvaguarda do seu sagrado direito à ordem nas ruas, à segurança dos seus lares, à inviolabilidade do seu património e da sua identidade cultural, porque sabe ... ... ...
Diz o ditado que “de sábio e louco todos temos um pouco” e eu diria mesmo que de ditadores ainda temos mais!!!
É que, de facto, eu já me tinha deixado possuir por esse meu componente sempre presente no que de humano há em mim!!!
Vinha esta minha obsessão ditatorial na sequência de uma sucessão de dados que me foram chegando ao longo da manhã e que fizeram com que mais uma vez me deixasse possuir pelo secreto desejo de que esta nossa democracia não passasse de um terrível pesadelo e nós vivêssemos mesmo sob o jugo de um qualquer Ditador.
É que um Ditador depõe-se com alguma coragem e mais ou menos sangue e a uma sociedade como esta, já não sei que se lhe faça!

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Hoje o dia começou-me bem.
Cansado dos cavacos que não dão cavaco, doutros que voltam às feiras, de um outro que prefere os espaços mais apalaçados e também daquele que insiste em não apostar em nada, fui tomar a bica alí na mesa do costume e fiz amizade com alguém cuja prosa me encantou, e de que aquí deixo um exemplo.

E já agora leia também, para alimentar a esperança!

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Aí...é que tu estás bem!

Trinta anos depois, Chico Buarque ensaia uma nova versão do seu grande exito.
Dizem que começa assim:-"Diz-me o que se passa, pá, com a tua gente..."

Em contrapartida, esta melancolia, que nos transmitem, sempre vai inspirando uns quantos mais dotados como poderá ver no "Ideias em desalinho"

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

Intervenção consequente?


O projecto do Boavida bate-me à porta no momento certo.
Com a campanha eleitoral na sua penosa caminhada para o nada, percebe-se o desencanto, cheiro intensamente a mofo no baú das ideias cossadas que já não vestimos.
Creio que todos temos a sensação de que dificilmente se vai cumprir a próxima legislatura. Penso que nos invade, a todos, o sobressalto de que algo está para acontecer! E sente-se bem que não vai ser bom, porque os ventos sopram mas nada bule, porque todos clamam que há que dizer a verdade aos portugueses, mas ninguém no-la diz!
A proposta "Na mesa do costume", com a sua estrutura muito própria, promete ser um primeiro elemento aglutinador de vontades e ideias.
O que me agrada na solução encontrada é mesmo poder nascer alí um conjunto de "trabalhos de grupo" sobre os mais diversos temas, sem que ninguém se sinta condicionado nas suas intervenções.
Com a malta do Abnegado, da Fábrica, do Briteiros, do Salvos e afogados, do La Pipe, do Jumento, com o Filho do 25 de Abril, e tantos outros (com links aquí ao lado) e mesmo de uns quantos que vêm mostrando convicções em comentários que vão fazendo em diversos blogues, penso que pode nascer daquí algo de vervadeiramente interessante.
Como dizia o outro... eu estou nessa!

domingo, fevereiro 06, 2005

Domingo de entrudo


Hoje recomendar-lhes-ia esta pérola, com o que adornaria as palavras de Esther Mucznik , e sugerir-lhes-ia que festejassem, com algumas cautelas, a felicidade de não cruzarem com nenhum dos Della Santa que por aí andam!
De resto...é Carnaval.

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Rescaldo de um debate


Ninguém duvida de que o País precisa de um Governo empenhado, com um projecto válido e uma liderança politicamente esclarecida e determinada. Creio também que muito poucos terão dúvidas de que o próximo primeiro ministro será o eng. José Sócrates, da mesmo forma que resulta claro que lhe falta alma para conseguir chegar à maioria absoluta.
O debate de ontem relançou a campanha porque Sócrates não conseguiu antecipar a hipocrisia do discurso de tolerância que Santana não hesitou em usar.
O debate correu bem a Santana porque Sócrates não soube anular, também pela antecipação, a demagogia que toda a gente sabia ser a arma nuclear do seu discurso.
O debate foi favorável a Santana porque se lhe não opôs um lider socialista com a força que só as convicções transmitem.
O debate de ontem correu mal ao País e correu mal ao PSD.
Correu mal ao PSD porque deu para perceber que Santana não vai encostar depois de 20 de Fevereiro e, por esse mesmo motivo, foi mau para o País , já que, com ou sem maioria absoluta no Parlamento, o que claramente se espera é que a oposição seja de facto responsavel!

O debate que eu vi


Como muito bem antecipara Pedro Efe esta tarde, este era o frente a frente que opunha um Pedro Santana Lopes "ao “ataque”, sem medo, a jogar no seu “campo”; o discurso directo, a toque de improviso meditado, a demagogia e o sentimento", a um José Sócrates, que tendo tudo ganho, mais por demérito do adversário do que por mérito próprio, tinha tudo a perder.
Nestas condições Santana Lopes é um adversário temível, José Sócrates não tinha tarefa fácil!
José Sócrates começou bem e pontuou na convicção com que atacou mas foi forçado a recuar perante as referências de PSL a declarações passadas em que se manifestara "muito liberal" em matérias como o casamento e a adopção de crianças por casais homossexuais.
Quanto aos impostos, com mais ou menos nuances, empataram:-não há aumento. PSL, habilmente, ainda deixa o aceno de uma possível baixa.
No tema do limiar da pobreza Sócrates é mais claro e pontua, para perder em seguida quando se aborda o tema da redução do peso da administração pública onde claramente as palavras substituiram as ideias, que não fez passar.
Nos temas "idade da reforma", onde podemos apostar nos 68 mais cedo ou mais tarde, e nos postos de trabalho que felizmente nenhum deles criará, estiveram como se esperava:-nada a abonar!
Sobre os resíduos industriais perigosos a vantagem esperada de Sócrates não ganha dimensão e pasmei ao ver PSL sentir-se legitimado para fechar concursos públicos só por saber que as populações e os ambientalistas estão contra a co-incineração. Alguém pagará as indeminizações para recuar com o processo!
Referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez um aceita-o o outro promove-o; já se sabia, não dá pontos. PSL sugere outros sobre o casamento de homossexuais, a eutanásia, a clonagem...; vê-se assim que não foi nada maldoso quando, há dias, desafiou Sócrates a pronunciar-se !
O que é ganhar as eleições e o que é perdê-las? Felizmente aquí há acordo. Mas Santana já vem em crescendo: assegura que com a "decisão dos indecisos" a maioria absoluta não estará ao alcance de nenhum dos partidos e então... com que apoios governaria o PS? Pontua claramente na faixa de eleitorado que lhe interessa!
Para a declaração final Sócrates gasta os seus cinco minutos sem garra. Santana Lopes joga claramente em casa! É aqui que ele se sente bem. Olha as câmaras bem nos olhos, fala de futuro e confiança, e do contracto assinado(os dedos pegam a caneta e esboçam o gesto!), os olhos brilham-lhe de prazer... remata em força..."contem comigo! Eu atrevo-me também a dizer : conto convosco!"
O debate terminou. A campanha eleitoral... vai começar.

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

frente-a-frente

Agora que o grande frente-a-frente está aí, parece já nada haver para debater!!!
Como foi isto possível? De quem é a responsabilidade?
Será que já não interessa o confronto de ideias e deixou de fazer sentido a ponderação da viabilidade dos projectos?
Que pena que tenhamos que nos limitar a avaliar da credibilidade dos agentes!!!

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Confirmado?


A RTP oferece-nos esta semana, uma série de 5 entrevistas com os líderes dos 5 principais partidos que se submetem ao escrutínio popular em 20 fev.
Não tencionava comentar estas entrevistas por dois motivos muito concretos:
(1) Porque são transmitidos em horário nobre, no canal público, e por isso facilmente acompanhados por quem se interesse minimamente por estas coisas.
(2) Porque, sendo tão cuidadosamente preparadas pelos entrevistados e seus estados-maiores , atingem naturalmente os objectivos que se propõem atingir , pelo que só faria sentido comentar a justeza desses objectivos.
Aconteceu porém que hoje era o dia do Eng. José Sócrates e, honestamente, esperava poder reunir informação suficiente para me autoflagelar pela forma como venho pondo em causa a sua real aptidão para a tarefa que, muito provavelmente, vai ter pela frente. E aí as coisas complicaram-se!!!
Gostei da forma como, sem entrar no jogo de Santana Lopes, reagiu à sua inqualificável campanha de insinuações do mais baixo nível, e gostei também, muito particularmente, da limpidez com que respondeu à pergunta sobre as dívidas do futebol. De resto, lamento, mas não gostei!
Não gostei nem do conteúdo nem da forma.
Não foi consistente no conteúdo, designadamente na abordagem do famigerado plano tecnológico enquanto panaceia, que não é, para os males actuais da nossa economia! Não foi convincente na forma, porque pareceu sempre usar cada pergunta para dar continuidade a um discurso que trazia preparado de casa.
Se fui só eu que vi isto, melhor para ele! Mas receio bem que não!!!
De resto, ainda está a tempo de eleger convicções... e poupar nas palavras!