sexta-feira, fevereiro 04, 2005

O debate que eu vi


Como muito bem antecipara Pedro Efe esta tarde, este era o frente a frente que opunha um Pedro Santana Lopes "ao “ataque”, sem medo, a jogar no seu “campo”; o discurso directo, a toque de improviso meditado, a demagogia e o sentimento", a um José Sócrates, que tendo tudo ganho, mais por demérito do adversário do que por mérito próprio, tinha tudo a perder.
Nestas condições Santana Lopes é um adversário temível, José Sócrates não tinha tarefa fácil!
José Sócrates começou bem e pontuou na convicção com que atacou mas foi forçado a recuar perante as referências de PSL a declarações passadas em que se manifestara "muito liberal" em matérias como o casamento e a adopção de crianças por casais homossexuais.
Quanto aos impostos, com mais ou menos nuances, empataram:-não há aumento. PSL, habilmente, ainda deixa o aceno de uma possível baixa.
No tema do limiar da pobreza Sócrates é mais claro e pontua, para perder em seguida quando se aborda o tema da redução do peso da administração pública onde claramente as palavras substituiram as ideias, que não fez passar.
Nos temas "idade da reforma", onde podemos apostar nos 68 mais cedo ou mais tarde, e nos postos de trabalho que felizmente nenhum deles criará, estiveram como se esperava:-nada a abonar!
Sobre os resíduos industriais perigosos a vantagem esperada de Sócrates não ganha dimensão e pasmei ao ver PSL sentir-se legitimado para fechar concursos públicos só por saber que as populações e os ambientalistas estão contra a co-incineração. Alguém pagará as indeminizações para recuar com o processo!
Referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez um aceita-o o outro promove-o; já se sabia, não dá pontos. PSL sugere outros sobre o casamento de homossexuais, a eutanásia, a clonagem...; vê-se assim que não foi nada maldoso quando, há dias, desafiou Sócrates a pronunciar-se !
O que é ganhar as eleições e o que é perdê-las? Felizmente aquí há acordo. Mas Santana já vem em crescendo: assegura que com a "decisão dos indecisos" a maioria absoluta não estará ao alcance de nenhum dos partidos e então... com que apoios governaria o PS? Pontua claramente na faixa de eleitorado que lhe interessa!
Para a declaração final Sócrates gasta os seus cinco minutos sem garra. Santana Lopes joga claramente em casa! É aqui que ele se sente bem. Olha as câmaras bem nos olhos, fala de futuro e confiança, e do contracto assinado(os dedos pegam a caneta e esboçam o gesto!), os olhos brilham-lhe de prazer... remata em força..."contem comigo! Eu atrevo-me também a dizer : conto convosco!"
O debate terminou. A campanha eleitoral... vai começar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Sinceramente acho que o debate foi... irrelevante.

Mais uma vez o nosso próximo Primeiro-ministro foi muito vago e dá a ideia que não sabe bem como implementar as medidas que preconiza.

Santana contrapôs com mais insinuações sobre Sócrates e não teve vergonha de mentir descaradamente ao dizer que o País agora está melhor que na era Guterres.

De qualquer forma as palavras dos políticos valem menos que um frigorífico no polo norte, e o que interessa é a capacidade de cada um de fazer algo pelo País.

O Santana já demonstrou claramente que nem sequer consegue manter o governo coeso, quanto mais governar. O Sócrates tem um currículo invejável enquanto Ministro e Secretário de Estado, com muita obra feita, mas o cargo de Primeiro MInistro exige outro tipo de competências.

A ver vamos como corre o Governo PS-BE