quinta-feira, abril 21, 2005

DA CULTURA ...

... OU DO MEU DIREITO À ASNEIRA




Quando a inauguração finalmente ocorre, damos conta da sua qualidade, reconhecemos a sua valia, lamentamos por uma última vez a derrapagem no custo e a irresponsabilidade de quem a acompanhou (ou foi pago para a acompanhar !) e pronto, podemos partir para outra; desta já nos livramos!

O Porto 2001 aí tem finalmente a sua Casa da Música, como Lisboa teve (e tem) o seu CCB e, quem sabe, um dia a minha santa terrinha terá também a sua feira das vaidades!

No próximo milénio, um muito considerado estudioso dissertará, provavelmente, sobre uma estranha civilização de que são referenciadas inúmeras ruinas de monumentos que tudo indicia se terem destinado à veneração de uma tal "Santa Ostentação", santa padroeira da Cultura, mas lamentará que, surpreendentemente, ainda estejam por encontrar provas de empenhamento de tal santa.


Continuamos a gastar (e como eu gostaria de escrever "investir") em betão e subsídios e, no entanto, basta olhar para a programação das nossas televisões para nos apercebermos da inutilidade do nosso esforço!

Porque a asneira é um direito que eu vejo ser exercido e reconhecido de uma forma particularmente generosa, aqui venho reclamar a minha quota-parte sugerindo uma nova abordagem.
Eu apostaria em algo muito simples e para gente perfeitamente normal! Muito trabalho e só três palavras : Estimular a procura.

3 comentários:

Pedro F. Ferreira disse...

Há, de facto, uma exagerada "cultura" do betão e do cimento.

musqueteira disse...

Que chamem os artistas depois do Betão.Mas, que chamem os artistas para embelezar essas caixas projectadas em Betão!...
Os artistas são os últimos a ter lugar na história enquanto vivos.
Pois chamem-nos então, para alegrar o Betão!;)Obrigada Pindérico pelas suas palavras no meu Blog.

armando s. sousa disse...

Direi que há um investimento correcto na cultura portuguesa, quando se tratar os artistas como o principal veículo da cultura de um povo e não o betão.
Em Portugal, infelizmente há muito betão mas os artistas vivem na miséria.