sábado, maio 28, 2005

A minha verdade


É certo que gostava de ver extintos os tais 90 Institutos que Manuela Ferreira Leite referenciou como inúteis mas não teve coragem para extinguir, e todos os outros lugares (como os dos governos civis) que afinal só servem para pagar apoios políticos.

É verdade que me incomoda não ver definitivamente reconhecido que não faz qualquer sentido um TGV que pare de 50 em 50 quilómetros e que, por isso, só se justifica o Lisboa – Madrid e o resto é birra de miúdos!

Também concordo que deveria ser definido um montante que permitisse ao reformado viver o resto dos seus dias onde lhe aprouvesse, com total conforto, segurança e dignidade, mas que em caso algum esse montante pudesse ser excedido.

E nem queiram saber quanto gostaria de ver anulado o negócio dos submarinos do senhor Paulo Portas e ver assegurado que leviandades desse tipo não seriam mais permitidas.

E como me agradaria ver reconhecido que se não justifica - por muito que seja o trabalho nas comissões! – um tão elevado número de deputados!

É certo que seria interessante um imposto sobre as grandes fortunas se isso não fizesse com que elas se instalassem noutro país.

É claro que eu gostaria que houvesse mesmo equidade fiscal e fossem imediatamente corrigidas regras como aquela (do IMI) que diz que, com duas casitas na minha aldeia, posso comprar três assoalhadas nas Amoreiras quando toda a gente sabe que só dá para a cozinha.

É verdade que faz pouco sentido que paguemos as portagens onde não passamos, mesmo sabendo que alguém terá optado por dar uma Scut a quem só queria uma boa estrada para desviar os pesados que, de noite e de dia, lhe passavam à porta, e que a reposição da portagem faz regressar o problema quase ao ponto de partida.

É obvio que preferiria que não houvesse aumento de impostos e que me irrita que se não cumpra o prometido.

Mas manda a minha verdade que diga aqui, muito claramente, que estou de acordo com as medidas adoptadas pelo Governo e que me confesso surpreendido com a coragem revelada por José Sócrates que, se resistir à onda de contestação que aí vem, poderá ficar na história por nos ter poupado à vergonha da falência.

E de nada adianta entretermo-nos a responsabilizar este governo ou o de Santana Lopes ou os “3 anos de governação PSD” ou os 6 anos de “desgoverno guterrista”, porque a verdade é que se empreendeu há muito um percurso de crescimento da despesa sem proporcional melhoria dos serviços que nos são devidos e sem se acautelar a nossa condição de devedores honrados.


6 comentários:

Anónimo disse...

Portas foi o melhor ministro da Defesa de depois do 25 de Abril, mas asneirou fortemente com a questão dos Submarinos. Acho bem que esse tema volte à lida, porque ainda não é impossível suspender esse negócio ruinoso. Recordem-se que o maior argumento dos defensores dos submarinos era que "não se devia perder o know-how e a escola submarinista". Digo o melhor, porque o pior era usá-los para combater o tráfego de droga (metam lá um submarino a perseguir um fora-de-borda e adivinhem quem ganha)

Ricardo disse...

Viva,

Há algumas medidas interessantes nas que sugeres. Mas há institutos que vão desaparecer (li isso ontem) e a questão das SCUT raramente estou de acordo com alguém.

Concordo que a grande generalidade das medidas são corajosas. Mas continuo sem perceber o aumento dos impostos indirectos (IVA e combustíveis) porque só têm uma utilidade conjuntural e só agravam o estado da economia.

Eu também acho que não vale a pena perseguir os "culpados" mas só o tenho feito para não se criarem "lendas" onde elas não existem (Cavaco, Ferreira Leite).

Abraço,

isabel mendes ferreira disse...

vim agora do seu ensaio para entrar nesta certeza que se dá como incerta. experimentar para avançar? bjo.

Lyra disse...

Assino por baixo!! É exactamente o que eu penso! (é por isso que gosto de vir cá :-) )
Quanto ao comentario do sr Rui discorto completamente. Acho que o Paulo Portas nunca foi, nunca será nem nunca saberá ser um bom ministro do que quer que seja! De vez em quando deveria passar os olhos pelos arquivos d`O Independente. Era ai onde ele se encontrava no seu habitat natural.

armando s. sousa disse...

Estas medidas provavelmente são boas se o Governo tiver uma política efectiva de controlo da Despesa Pública, senão apenas serão medidas que limitarão mais o débil poder de compra dos portugueses.
Um abraço

Anónimo disse...

Não me parece que o Senhor primeiro Ministro tenha tido a preocupação de atingir todos por igual. A prová-lo o facto de ter deixado de fora os mais poderosos economicamente e os amigos da política. Voltou a ir ao bolso dos que já nem podem comprar o cinto, dos mais necessitados, dos idosos, dos pensionistas com pensões de miséria, das familías com um número elevado de filhos.
Deveria rever, urgentemente, o subsídio de rendimento mínimo - ou lá como a dita coisa se chama agora - porque basta ir a locais pontuais que todos conhecemos, porque eles existem ao lado da casa de todos e de cada um de nós, para ver MONTES de marmanjões, com muito bom "cabedal" e boa saúde para trabalhar, e que passam o dia com o "traseiro" encostado à parede a viver dos impostos de todos mós.
O Abono de Família é outra anedota; são umas migalhas que não chegam para nada aos que dele dependem para alimentar os filhos e deveria por isso ser revisto. Quem declara ums milhares largos de euros/mês não precisa de abono de família.
As propinas do Ensino Superior deveriam ser escalonados em função do irs e os alunos que vão "fazer carreira" para a Faculdade, veriam as ditas aumentadas a cada ano perdido sem justificação.
E para terminar, na Suécia, que ninguém duvida ser um País rico, os que mais têm pagam - salvo erro - 51% de imposto.
Maria, social democrata.

P.S. Quanto à ideia do governo de publicar o nome dos devedores ao Estado, deveria também publicar a lista das Empresas, pequenas e médias - e porque não todas - a quem o Estado deve dinheiro. Porque o ~Estado é uma Pessoa de Bem; não falha, mas tarda cada vez mais.