terça-feira, março 22, 2005

As maleitas do Zé


O Zé sentia-se muito “em baixo” mas, dizia ele, de nada valera falar disso àqueles a quem entregara o corpo, para tratamentos. Sim o corpo, porque a alma - costumava dizer- segredava-lhe outras coisas!
Só lhe diziam que tinha que ter muito cuidado com a boca, bebidas ... de espécie nenhuma, cinema e todo o tipo de diversões ... nem pensar, ... , e que só depois de ele recuperar as forças seria possível iniciar o tratamento daquela anemia que o trazia assim.
E costumava ele dizer: - "Mas como raio vou eu recuperar se nem respirar me deixam?!"

Encontrei-o há pouco.
Disse-me que tinha resolvido mudar de médico e estava de regresso da primeira consulta. E vinha mesmo animado, o meu amigo Zé!

Não que lhe tivessem tirado de cima uma só das preocupações que tinha, mas por que lhe disseram que iam começar já a tratar das suas inúmeras maleitas, embora alertando-o para o facto de irem tardar a ver-se os reais efeitos do tratamento.

O Zé gostou do que ouviu e disse-me mesmo que acreditava estar no bom caminho. É que, aos seus “amigos” da outra Clínica ( a quem, cá por coisas, pedira conselho) só ouvira questionarem "quanto mais iria ele ter que pagar"!!!
O Zé está cheio de fé; mas em jeito de despedida ainda me foi segredando: - “Eles dizem que não vou ter que pagar mais, mas nisso eu não acredito... Afinal, isto também não era vida nenhuma!”


O Zé está cheio de esperança... e eu não vou tolerar que lhe mintam de novo!!!

5 comentários:

uivomania disse...

Como seria tocante, o teu amigo estar nas mãos de médicos filhos de boa gente...

Pedro F. Ferreira disse...

O seu amigo Zé sabe que viver é muito mais do que sobreviver.

Ricardo disse...

É a (falta de) humanidade que temos nos serviços de saúde que temos! A saúde não é um negócio!

Um abraço,

armando s. sousa disse...

Aquilo que se passa com o seu amigo Zé, é aquilo que infelizmente nos fazem passar a todos nós, quando temos o azar de ficar doentes.
Um abraço.

pindérico disse...

Esqueci-me de dizer que o apelido deste meu amigo é "Povo".