É certo que gostava de ver extintos os tais 90 Institutos que Manuela Ferreira Leite referenciou como inúteis mas não teve coragem para extinguir, e todos os outros lugares (como os dos governos civis) que afinal só servem para pagar apoios políticos.
É verdade que me incomoda não ver definitivamente reconhecido que não faz qualquer sentido um TGV que pare de 50 em 50 quilómetros e que, por isso, só se justifica o Lisboa – Madrid e o resto é birra de miúdos!
Também concordo que deveria ser definido um montante que permitisse ao reformado viver o resto dos seus dias onde lhe aprouvesse, com total conforto, segurança e dignidade, mas que em caso algum esse montante pudesse ser excedido.
E nem queiram saber quanto gostaria de ver anulado o negócio dos submarinos do senhor Paulo Portas e ver assegurado que leviandades desse tipo não seriam mais permitidas.
E como me agradaria ver reconhecido que se não justifica - por muito que seja o trabalho nas comissões! – um tão elevado número de deputados!
É certo que seria interessante um imposto sobre as grandes fortunas se isso não fizesse com que elas se instalassem noutro país.
É claro que eu gostaria que houvesse mesmo equidade fiscal e fossem imediatamente corrigidas regras como aquela (do IMI) que diz que, com duas casitas na minha aldeia, posso comprar três assoalhadas nas Amoreiras quando toda a gente sabe que só dá para a cozinha.
É verdade que faz pouco sentido que paguemos as portagens onde não passamos, mesmo sabendo que alguém terá optado por dar uma Scut a quem só queria uma boa estrada para desviar os pesados que, de noite e de dia, lhe passavam à porta, e que a reposição da portagem faz regressar o problema quase ao ponto de partida.
É obvio que preferiria que não houvesse aumento de impostos e que me irrita que se não cumpra o prometido.
Mas manda a minha verdade que diga aqui, muito claramente, que estou de acordo com as medidas adoptadas pelo Governo e que me confesso surpreendido com a coragem revelada por José Sócrates que, se resistir à onda de contestação que aí vem, poderá ficar na história por nos ter poupado à vergonha da falência.
E de nada adianta entretermo-nos a responsabilizar este governo ou o de Santana Lopes ou os “3 anos de governação PSD” ou os 6 anos de “desgoverno guterrista”, porque a verdade é que se empreendeu há muito um percurso de crescimento da despesa sem proporcional melhoria dos serviços que nos são devidos e sem se acautelar a nossa condição de devedores honrados.